quinta-feira, 27 de março de 2008


A oposição foi derrotada por 14 votos a cinco na CPI dos Cartões Corporativos, nesta quarta-feira (26): teve rejeitados quatro requerimentos oposicionistas para convocar a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Os requerimentos foram votados depois de mais de três horas de discussão e foram rejeitados em bloco, conforme o encaminhamento do relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ).

Na opinião do relator, a oposição desejava apenas, com a convocação, "apequenar a atuação da ministra Dilma". Dilma Rousseff "precisa continuar prestando serviço ao país, gerenciando o Programa de Aceleração do Crescimento [PAC]", agregou Luiz Sérgio. "O centro da discussão é a disputa política sobre a figura de quem conduz o mais brilhante programa do governo", afirmou ainda o relator.


Marisa Serrano sente-se "impotente"


A senadora tucana Marisa Serrano (MS), que preside a CPI, considerou a reunião "péssima" e disse sentir-se "impotente" face à maioria governista. "A pior coisa é se sentir impotente, porque não conseguimos fazer avançar o que é importante para o país. Esta Casa viveu momentos ruins, que eu não gostaria de ter ouvido: a forma de tratamento muitas vezes dispensada uns aos outros, a forma como se exaltaram. A população não tem obrigação de ver as coisas que viu aqui", afirmou a senadora tucana.


A senadora afirmou que, diante dessa situação, decidiu suspender a reunião da CPI que ocorreria nesta quinta-feira (27), em que seriam ouvidos os ministros do Esporte, Orlando Silva, e da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, Altemir Gregolin. "Desconvidarei os dois convidados porque, para ter uma reunião desse tipo, não vale a pena", disse Marisa.


O debate "exaltado" que desagradou a senadora envolveu principalmente o senador situacionista Almeida Lima (PMDB-SE) e dois senadores oposicionistas, o líder tucano Arthur Virgílio (AM) e Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA, suplente do falecido senador Antonio Carlos Magalhães).


Tentativa de envolver Lula


No início da reunião, a tática da oposição foi exigir a transferência para a CPI de dados sobre gastos do gabinete pessoal do presidente da República. Tanto Marisa Serrano como Virgílio e o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) apresentaram requerimentos pedindo a transferência de "dados de cartões corporativos, contas tipo B ou similares" da Presidência, durante os governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva


Virgílio anexou ao requerimento uma carta do ex-presidente Fernando Henrique abrindo mão dos sigilos dele e da mulher. "Quero ver o mesmo gesto de grandeza do presidente Lula", disse o líder do PSDB.


Todo o empenho oposicionista visa aproximar o mau uso dos cartões corporativos da figura do presidente Lula, que teve sua popularidade reforçada com a aceleração da economia e o aumento da renda dos brasileiros. A tentativa, porém, esbarrou na reduzida quantidade de votos oposicionistas na CPI.


Foi alvo de debate ainda uma lista que vazou para a imprensa, contendo quais requerimentos dos que aguardam votação na CPI a base do governo deseja ou não aprovar. O deputado Silvio Costa (PMN-PE) afirmou que a base do governo pretende apenas rejeitar os requerimentos de cunho puramente político.


Múcio questiona tentativa de politização


Depois da reunião da CPI, o ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais) explicou porque a oposição saiu derrota. "A nossa base entendia que não havia motivo para isso e exercemos a maioria", afirmou Múcio sobre a rejeição dos requerimentos.


Múcio criticou também a insistência da oposição em querer ouvir Dilma. Para ele, a CPI dos Cartões não deve perder o foco das investigações, pois há riscos de politizar as apurações.


"É preciso ter muito cuidado para a CPI não perder seu caráter investigativo e não se transformar em um episódio político", disse o ministro. "Os ministros Jorge Hage [Controladoria Geral] e Paulo Bernardo [Planejamento] responderam a todas as questões, em depoimentos que agradaram a todos", agregou.


Da redação, com agências

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